segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A esperança nunca morre


O asilo de idosos recebeu naquela manhã mais uma senhora.
Chegou calada, sentou-se em uma cadeira de rodas e mergulhou em lágrimas. O semblante traduzia a desesperança e a mágoa pelo abandono.
Notava-se que o seu único intuito era aguardar a morte. Parecia que a sua volta tudo já morrera, igualmente.
Foi então que um jovem, que costumava visitar os idosos com regularidade, se aproximou.
Tentou conversar. Mas ela se mantinha calada, num protesto mudo de rejeição aos homens que a haviam deixado ali. Longos suspiros escapavam do seu peito e as lágrimas rolavam, silenciosas.
O rapaz brincou, perguntou e insistiu. Ela não conseguiu resistir. Sorriu e acabou por contar a triste história de sua vida.
Fora uma mulher muito rica. Com o marido, administrava sete fazendas. Com a morte dele, ela assumira os compromissos, ao tempo que cuidava da única filha.
Quando a filha se casou, estranhamente foi se acercando da mãe. Começou a se interessar pelos negócios. Depois, foi a vez do genro. Tarefas divididas. Esforços somados.
Ela pensava em como tudo, um dia, deveria ficar para a filha e os netos. Talvez ela, em sua velhice, pudesse realizar algumas viagens que nunca se permitira.
Aos setenta e dois anos, por insistência da filha, passou-lhe uma procuração, concedendo-lhe amplos poderes.
Fora seu erro. Em plena posse de tudo o que um dia seria seu por direito, a filha aliou-se ao marido e, em doloroso processo, conseguiu que a mãe fosse declarada incapaz.
Por fim, a colocaram naquele asilo, sem recursos. Não era para morrer de desgosto? - Concluiu a senhora.
O jovem, reconhecendo nela os valores da liderança, da capacidade de trabalho, lhe falou do quanto ela poderia enriquecer outras vidas.
Ela era uma pessoa com experiência administrativa. Por que não se dispor ao trabalho naquela instituição, auxiliando o serviço de voluntários e funcionários?
Por que não reunir aqueles idosos todos, sem esperança, e lhes falar da terra, de grãos, produção, gado, semeaduras?
Afinal, muitos deles vinham do campo e, com certeza, gostariam de ouvir sobre o que fora a tônica das suas vidas, por um largo tempo.
Ela ouviu, ouviu e aceitou a ideia.
Levantou-se da cadeira de rodas onde se jogara e começou a agir. Sua filha e seu genro lhe haviam usurpado os bens, arrancando-lhe as possibilidades de viver como desejasse. Mas não podiam lhe destruir as conquistas interiores.
Ela tinha valor e esse valor podia ser usado em prol de outros desesperançados.
Ergueu-se, sacudiu a poeira da mágoa e começou a fazer sol em outras vidas, inundando-se de luz.
*   *   *
Se você está triste porque foi abandonado, lembre-se dos que nunca tiveram família, lar e afetos.
Se você está magoado porque lhe feriram, não permita que isso destrua o restante da sua vida.
Ninguém lhe pode tirar as conquistas realizadas, os talentos conseguidos e a imensa capacidade de amar que temos todos nós, Espíritos imortais, filhos de Deus.
 
Redação do Momento Espírita.
Em 24.01.2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Almas Viajantes


Somos almas viajantes, cruzando o tempo e a distância
entre aquilo que desejamos ser e o que realmente somos.
Como na escola da vida, ainda no jardim da infância.
Representando papéis diferentes a cada nova jornada.
Etapas que vamos cumprindo com erros e acertos,
acumulando dívidas e bençãos em nossa caminhada.

As dívidas resgatamos com suor,lágrimas e por vezes muita dor.
As bençãos são os lenitivos.
Fecha cicatrizes, cura feridas.
São decorrentes do amor que exercemos,seja no amparo aos irmãos caídos,
seja no nosso próprio mover,no caminhar em direção a Luz.

Alma querida!
Se a dor lhe visita constantemente, aprende que,
somente o amor incondicional pode libertar.
O abençoar o pão e o dia,o resgatar do aflito,
o dividir do pão que por vezes já é tão pequeno.

O amor pede passagem na sua vida.
Abra as janelas do seu coração e se livre do ranço do tempo:
- perdoe,
- ampare,
- não julgue,
- não calunie,
- não atire a pedra que está na mão.

Antes, livre-se das velhas roupas,
como Francisco de Assis, dispa-se do mundo.
Fique com a simplicidade da vida,
que lhe sorri como quem abraça.
E Deus, Pai de infinita misericórdia,
cobrirá a sua vida com paz e Graça.
Fruto do seu esforço no caminho do bem,
ainda que sem acreditar em nada e em ninguém,
soube seguir no caminho da retidão,
soube estender a mão,praticou o Evangelho Vivo,
sem nunca tê-lo lido.

Somos almas viajantes em busca de um porto seguro,
onde possamos ancorar nossos barcos envelhecidos,
remoçados pela certeza,
para vivermos a eternidade dos dias,
em harmonia com a Natureza,
fonte de toda a beleza.
Que assim seja.
Paulo Roberto Gaefke